CRÓNICA PARA O JORNAL DE AMARANTE, JOÃO PEREIRA DA SILVA

MARÉ ALTA. MARÉ ALTA. MARÉ ALTA*

…foi o que aconteceu no passado  sábado, dia 1 de Dezembro. Data patriótica que a miséria de ideias reduzirá à vulgaridade, tão vazia como o seu suporte, já a partir do próximo ano!

O Cinema Teixeira de Pascoaes abraçou, franqueando as portas, e toda a gente foi convidada para a peça “Vejam bem. Na sala há 5 meninas. O calor em crescendo que uma hora e quinze minutos de espectáculo que nos proporcionou o Grupo de Teatro O Fantocheiro, deixou bem lá fora o frio intenso que essa noite se derramou em Amarante.

Os títulos e as letras das canções que em convite se distribuíram pela Cidade e o cartaz de formato A3 que nas vitrinas se viam patenteavam em roda pé o movimento promotor do espectáculo de teatro e que se consubstanciava em uma só frase: Amigos Maiores que o pensamento!

E foram essas letras e muitas mais as que se desenrolaram com arte, simplesmente com arte – a aproximar-se da magia que a arte da representação proporciona -, ainda que vertida por jovens (amadores). Sem cachés. Apenas o amor que, votado à causa da representação e ao momento Zeca Afonso, foi a moeda de troca. Nomeiem-se, portanto, os actores, o encenador, o cantor, o saxofonista, (e ainda) os técnicos do audiovisual e da iluminação, a senhora da limpeza e a funcionária destacadas pela Câmara Municipal de Amarante. Todos eles merecem aqui ficarem gravados. A saber: Ana Sofia, Anita Teixeira, Bruna Baltazar, Catarina, Maria, Jorge Ramos; Rogério Ribeiro; Fernando Ribeiro; Artur; Fernando Cardoso, João; Aurora e Sílvia Ribeiro. É que todos devem constar nesta crónica pois foram os contribuintes fundamentais para esta feliz noite, noite que nos aproximou na fraternidade propalada nas canções. Em que os valores da cidadania nelas implícitas quase que agiram como catarse, numa sublimação do opróbrio diariamente sentido na pele de todos nós, mas fundamentalmente presentes e necessários no cerrar fileira contra a resignação!

(Não poderão ficar de fora todos os que sentiram a necessidade de contribuir monetariamente para cobrir despesas basilares, em grande maioria, notou-se, com sofrido pecúlio, para que a peça por meras horas se fundeasse entre nós. A esses anónimos, a organização agradece de viva alma).

Pelo número bem notório de espectadores, melhor: de participantes, dir-se-ia: muitos, – maugrado a inexpressiva ou nula divulgação em que a organização creditou os órgãos de comunicação escrita e audiovisual para essa digníssima função cívica mas que “esqueceram” – foram no desenvolvimento da peça bem apreendidas as mensagens espelhadas nos bilhetes-convite “Venham Mais Cinco” e  “Traz Outro Amigo Também”, ao contribuírem efusiva e decididamente na interacção e na cumplicidade que se pretendia que o espectáculo provocasse.

E provocou com vivas repetidíssimos ao poeta, cantor andarilho, ao Cidadão José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos falecido há vinte e cinco anos. E, assim, poder-se-á repetir:

Podem as cores de Abril desbotarem.

Podem aos próprios cravos murcharem.

A mensagem de Zeca Afonso, essa não morrerá nunca!

– Maré alta. Maré alta. Maré alta!

João Pereira da Silva        04.12.2012

 

*título de canção de Sérgio Godinho

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One thought on “CRÓNICA PARA O JORNAL DE AMARANTE, JOÃO PEREIRA DA SILVA

  1. Mas os verdadeiros obreiros foram os 5 “Amigos de Amarante Amigos Maiores que o Pensamento”, que acreditaram desde o início nesta empreitada, arregaçaram as mangas e dignificaram este projecto. A todos, Aquele Abraço!
    P’O Fantocheiro
    Rogério Ribeiro

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